quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Resumo: "Idealismo hegeliano"



Considera-se idealismo como o primado do Eu subjetivo. O que não significa necessariamente reduzir a realidade ao pensamento. O postulado básico é que Eu sou eu. Idealismo subjetivo: existir é ser percebido. Idealismo absoluto: a única realidade plena e concreta é de natureza espiritual.

Estágios da consciência:

- consciência sensível (percepção);
- consciência infeliz (enorme autoconsciência que queremos dar sentido a tudo e nos sentimos isolados);
- consciência em-si-para-si (Espírito Absoluto) consciência ligada à ação, para transformar algo/mundo.

Dialética Hegeliana:

- dialética do senhor e do escravo (a questão entre eu e o outro);
- dialética do ser “O ser e o nada é um e o mesmo;”
- dialética da essência “A essência é o ser enquanto aparecer em si mesmo;”
- dialética do conceito “O conceito é a unidade entre o ser e a essência.”
Ninguém é o que é por acaso; os homens são filhos do seu tempo.

“A filosofia é a ave de Minerva que alça o seu voo logo ao cair da tarde.” (A ave de Minerva é a coruja da deusa Atena - Grécia (Minerva). - Roma), que essa ave que tudo conhece que é a sabedoria que tanto a buscamos só pode enxergar as coisas que passaram, ela enxerga as coisas de cima, é compreensiva. Hegel tenta mapear todo o histórico para justificar as coisas.

“O que quer que aconteça cada individuo é sempre filho de sua época; portanto, a filosofia é a sua época tal como apreendida pelo pensamento. É tão absurdo imaginar que a filosofia pode transcender sua realidade contemporânea quanto imaginar que um indivíduo pode superar seu tempo, saltar sobre Rodes.”

 A filosofia de Hegel é a tentativa de considerar todo o universo como um todo sistemático. O sistema é baseado na fé. Na religião cristã, Deus foi revelado como verdade e como espírito. Como espírito, o homem pode receber esta revelação. Na religião a verdade está oculta na imagem; mas na filosofia o véu se rasga, de modo que o homem pode conhecer o infinito e ver todas as coisas em Deus. 

O sistema de Hegel é assim um monismo espiritual, mas um monismo no qual a diferenciação é essencial. Somente através da experiência pode a identidade do pensamento e o objeto do pensamento ser alcançado, uma identidade na qual o pensar alcança a inteligibilidade progressiva que é seu objetivo. Assim, a verdade é conhecida somente porque o erro foi experimentado e a verdade triunfou; e Deus é infinito apenas porque ele assumiu as limitações de finitude e triunfou sobre elas. 

Similarmente, a queda do homem era necessária se ele devia atingir a bondade moral. O espírito, incluindo o Espírito infinito, conhece a si mesmo como espírito somente por contraste com a natureza. 

O sistema de Hegel é monista pelo fato de ter um tema único: o que faz o universo inteligível é vê-lo como o eterno processo cíclico pelo qual o Espírito Absoluto vem a conhecer a si próprio como espírito (1) através de seu próprio pensamento; (2) através da natureza; e (3) através dos espíritos finitos e suas auto-expressões na história e sua auto-descoberta, na arte, na religião, e na filosofia, como um com o próprio Espírito Absoluto. 

O compendio do sistema de Hegel Enciclopédia das Ciências Filosóficas, é em três partes: Lógica, Natureza e Espírito. O método de exposição é dialético. Acontece com frequência que em uma discussão duas pessoas que a princípio apresenta pontos de vista diametralmente opostos depois concordam em rejeitar suas visões parciais próprias e aceitar uma visão nova e mais ampla que faz justiça à substância de cada uma. Hegel acreditava que o pensamento sempre procede deste modo: começa por lançar uma tese positiva que é negada imediatamente pela sua antítese; então um pensamento seguinte produz a síntese. Mas esta síntese, por sua vez, gera outra antítese, e o mesmo processo continua uma vez mais. O processo, no entanto, é circular: ao final, o pensamento alcança uma síntese que é igual ao ponto de partida, exceto pelo fato de que tudo que estava implícito ali foi agora tornado explícito (tudo que estava oculto no ponto inicial foi revelado?) 

Assim o pensamento propriamente, como processo, tem a negatividade como uma de seus momentos constituintes, e o finito é, como a auto-manifestação de Deus, parte e parcela do infinito mesmo. O sistema de Hegel da conta desse processo dialético em três fases: 

Lógica: O sistema começa dando conta do pensamento de Deus "antes da criação da natureza e do espírito finito", isto é, com as categorias ou formas puras de pensamento, que são a estrutura de toda vida física e intelectual. Todo o tempo, Hegel está lidando com essencialidades pura, com o espírito pensando sua própria essência; e estes são ligados junto em um processo dialético que avança do abstrato para o concreto. Se um homem tenta pensar a noção de um ser puro (a mais abstrata categoria de todas), ele encontra que ela é apenas o vazio, isto é, nada. No entanto, o nada "é". A noção de ser puro e a noção de nada são opostas; e no entanto cada uma, quando alguém tenta pensa-la, passa imediatamente para a outra. Mas o caminho para sair dessa contradição é de imediato rejeitar ambas as noções separadamente e afirma-las juntas, isto é, afirmar a noção do vir a ser, uma vez que o que ambas vem a ser é e não é ao mesmo tempo. O processo dialético avança através de categoria de crescente complexidade e culmina com a idéia absoluta, ou com o espírito como objetivo para si mesmo. 

Natureza: A natureza é o oposto do espírito. As categorias estudadas na Lógica eram todas internamente relacionadas umas às outras; elas nascem umas das outras. A natureza, no entanto, é uma esfera de relações externas. Parte de espaço e momentos do tempo excluem-se uns aos outros; e tudo na natureza está em espaço e tempo e assim é finito. Mas a natureza é criada pelo espírito e traz a marca de seu criador. As categorias aparecem nela como sua estrutura essencial e é tarefa da filosofia da natureza detectar essa estrutura e sua dialética; mas a natureza, como o reino da "externalidade", não pode ser racional sequencialmente, de modo que a racionalidade prefigurada nela torna-se gradualmente explícita quando o homem aparece. No homem a natureza alcança a autoconsciência. 


Espírito: Aqui Hegel segue o desenvolvimento do espírito humano através do subconsciente, consciente e vontade racional. Depois, através das instituições humanas e da história da humanidade como a incorporação e objetivação da vontade; e finalmente para a arte, a religião e filosofia, na qual finalmente o homem conhece a si mesmo como espírito, como um com Deus e possuído da verdade absoluta. Assim, está então aberto para ele pensar sua própria essência, isto é, os pensamentos expostos na Lógica. Ele finalmente voltou ao ponto de partida do sistema, mas no roteiro fez explícito tudo que estava implícito nele e descobriu que "nada senão o espírito é, e espírito é pura atividade". 

Nos trabalhos políticos e históricos de Hegel, o espírito humano objetiva a si próprio no seu esforço para encontrar um objeto idêntico a si mesmo. A Filosofia do Direito cai em três divisões principais. A primeira trata da lei e dos direitos como tais: pessoas (isto é, o homem como homem, muito independentemente de seu caráter individual) são o sujeito dos direitos, e o que é requerido deles é meramente obediência, não importa que motivos de obediência possam ser. O Direito assim é um abstrato universal e portando faz justiça somente ao elemento universal na vontade humana. O indivíduo, no entanto, não pode ser satisfeito a menos que o ato que ele faz concorde não meramente com a lei, mas também com suas próprias convicções conscientes. Assim, o problema no mundo moderno é construir uma ordem política e social que satisfaça os anseios de ambos. E Assim, nenhuma ordem política pode satisfazer os anseios da razão a menos que seja organizada de modo a evitar, por outra parte, a centralização que faria os homens escravos ou ignorar a consciência e, por outro lado, um antinomianismo que iria permitir a liberdade de convicção para qualquer indivíduo e assim produzir uma licenciosidade que faria impossível a ordem política e social. O estado que alcança essa síntese apoia-se na família e na culpa. É diferente de qualquer estado existente nos dias de Hegel; é uma forma de limitada monarquia, com governo parlamentarista, julgamento por um júri, e tolerância para judeus e dissidentes. 

Na filosofia da história pressupôs que a historia da humanidade é um processo através do qual a humanidade tem feito progresso espiritual e moral e avançado seu autoconhecimento. A história tem um propósito e cabe ao filósofo descobrir qual é. Alguns historiadores encontraram sua chave na operação das leis naturais de vários tipos. A atitude de Hegel, no entanto, apoiou-se na fé de que a história é a representação do propósito de Deus e que o homem tinha agora avançado longe bastante para descobrir o que esse propósito era: ele é a gradual realização da liberdade humana. 


O primeiro passo era fazer uma transição da vida selvagem para um estado de ordem e lei. Estados têm que ser encontrados por força e violência; não há outro caminho para fazer o homem curvar-se à lei antes dele ter avançado mentalmente tão longe suficiente para aceitar a racionalidade da vida ordenada. Vai haver um ponto no qual alguns homens aceitam a lei e se tornam livres, enquanto outros permanecem escravos. No mundo moderno o homem passou a apreciar que todo homem, como espíritos, são livres em essência, e sua tarefa é assim enquadrar instituições sob as quais eles serão livres de fato.


Principais obras: 

Fenomenologia do Espírito (1807) 

É uma introdução ao sistema lógico criado por Georg Wilhelm Hegel. Nesta obra encontramos a sequência das diferentes formas ou fenômenos da consciência. A consciência não parte do saber absoluto, mas conduz necessariamente a ele. Assim o pensamento pode situar-se na imediatez do absoluto, ser ciência da ideia absoluta. Esta ciência da consciência procede dialeticamente, num processo de constante afirmações e negações sucessivas, que conduz à certeza sensível ao saber absoluto. É o mesmo processo que serve à filosofia para manifestar a ideia. 

No percorrer das figuras fenomenológicas, o estado de inconsciência na relação com o objeto, em que as contradições vão levando a um reconhecimento pleno que a consciência faz de si mesma e da identidade essencial consigo mesma. Na “espiral dialética, a consciência percorre as seções da certeza sensível, a percepção, o entendimento, a verdade da certeza que a consciência tem de si mesma, a certeza e verdade da razão, a efetivação da consciência de si racional, a individualidade, e então o Espírito, a religião, e enfim, o saber absoluto. 

Enciclopédia das Ciências Filosóficas (1817) 

Obra sistemática que procura expressar a ideia de enciclopédia e como exposição abreviada da Ciência da Lógica (1812-1816). Nesta obra Hegel procura fazer essa apresentação das ciências a partir do raciocínio dialético. O fundamento do conteúdo enciclopédico é o saber absoluto da filosofia especulativa, sendo que esse mesmo conteúdo enciclopédico que era fim da filosofia do espírito é agora início da Lógica, levando a crer que o saber que é o fim é a verdade do começo. O saber que é o fim e é a verdade do começo se dá apenas na medida em que o saber absoluto (enciclopédico) se põe como mediação: deve ser mediatizado pelo seu próprio conteúdo, ao mesmo tempo que se compreende nessa mediatização. 

Princípios da Filosofia do Direito (1820) 

Manual publicado para o uso dos estudantes que assistiram às suas aulas na Universidade de Berlim. Esta obra tem uma influência muito grande para a teoria política e social, sobretudo para as várias correntes do marxismo e mesmo do liberalismo. Hegel desenvolve parte do seu sistema publicado na Enciclopédia das Ciências filosóficas (1817), correspondendo à teoria do espírito objetivo. É a parte prática de Hegel. O Espírito tende à liberdade, à completude. Busca encarnar-se adequadamente no mundo, como dever-ser, isto é, pelas normas que tornam possível a sua efetivação. A obra divide-se em um prefácio, o direito abstrato, a moralidade, a vida ética (a família, a sociedade civil e o Estado), e o direito público interno, nas suas várias formas de manifestação. 

Lições Sobre a Filosofia da História (Póstumo: 1937) 

Para Hegel, a Ideia, na Fenomenlogia do Espírito (1807), é realidade na história. O objetivo da história universal é que o espírito torne-se um saber verdadeiro e se realize no mundo presente de modo concreto, como objetividade. A racionalidade integral da história implica ainda a realização completa da moral e da liberdade. O sujeito da história é justamente o povo e seu espírito, em que a marcha dos acontecimentos leva à constituição do Estado, reunindo os costumes, a arte e o direito. O fim da história é justamente realizar a liberdade e a razão. Nessa obra, Hegel percorre, assim, os vários momentos enciclopédicos não como uma descrição dos fatos, mas como uma lógica do percurso histórico dos acontecimentos. 





Nenhum comentário:

Postar um comentário