Networking
(em inglês) rede de contatos - para Michel Foucault existe em todas as relações
sociopolítico-econômico - rede
de micropoderes, que se estabelecem em todos os lugares – familiares,
regionais, locais - dentro do conjunto de possibilidades de conflitos -
articulado horizontalmente, mas emergem difusas articulações verticais – institucionalização
dos poderes plurais tendenciosamente para um centro político, para um
poder aproximado do eixo de rotação.
Os micropoderes - poderes difusos, ou seja,
poder de
realizar mudanças no sentido das normas, o poder de se promover a
"mutação do discurso"; alterar a interpretação das normas para que os
discursos possam acompanhar os anseios da sociedade que atuam pela persuasão e
pelo desejo.
Os discursos de poder,
“(...) não é simplesmente aquilo que manifesta (ou
oculta) o desejo; é, também aquilo que é o objeto do desejo; e visto que – isto
a história não cessa de nos ensinar – o discurso não é simplesmente aquilo que
traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo porque, pelo que se
luta, o poder do qual nos queremos apoderar”. (FOUCAULT, p. 10, 2014).
O
poder discursivo dos meios sociais, da difusão da rede de micropoderes - este
grupo não se organiza no vazio, mas antes dentro de um quadro estrutural - de
acordo com certas regras do jogo. Há uma estrutura de rede (network
structure), uma relação de relações, uma rede de micropoderes sociais, onde o poder-saber
permeia toda esta rede. “As relações de poder-saber
não são formas dadas de repartição, são ‘matizes de transformações’”. (FOUCAULT, p. 108, 2013).
Dentro
deste sociopolítico, poder-saber, existe um campo
concentrado, uma governabilidade que coordena o organograma em sua delimitação
entre os grupos, buscando uma estabilidade diante das tensões. “(...) deve-se pensar em duplo condicionamento, de
uma estratégia, através da especificidade das táticas possíveis e, das táticas,
pelo invólucro estratégico que as faz funcionar”. (FOUCAULT, p. 109, 2013).
Para
concluir, Foucault ainda adverte: “Não
existe um discurso do poder de um lado e, em face dele, um outro contraposto”.
(FOUCAULT, p. 110, 2013). Os discursos são sempre elementos
táticos de correlações de forças, ou seja, aqueles que participam dos blocos de
rede de contatos “Networking” - podem existir discursos contrários e mesmo
contraditório a rede, podem circular dentro destas redes sem modificar a forma
estratégica oposta a elas (Networking);
porque todo discurso veicula e sempre produz e reforça os micropoderes.
Referência
FOUCAULT. M. História da sexualidade: a vontade de saber,
Rio de Janeiro: Paz & Terra. 2013.
FOUCAULT. M. A ordem do discurso, São Paulo: Edições
Loyola. 2014.
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