quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Networking - Micropoderes



Networking (em inglês) rede de contatos - para Michel Foucault existe em todas as relações sociopolítico-econômico - rede de micropoderes, que se estabelecem em todos os lugares – familiares, regionais, locais - dentro do conjunto de possibilidades de conflitos - articulado horizontalmente, mas emergem difusas articulações verticais – institucionalização dos poderes plurais tendenciosamente para um centro político, para um poder aproximado do eixo de rotação.

Os micropoderes - poderes difusos, ou seja, poder de realizar mudanças no sentido das normas,  o poder de se promover a "mutação do discurso"; alterar a interpretação das normas para que os discursos possam acompanhar os anseios da sociedade que atuam pela persuasão e pelo desejo.

Os discursos de poder,

“(...) não é simplesmente aquilo que manifesta (ou oculta) o desejo; é, também aquilo que é o objeto do desejo; e visto que – isto a história não cessa de nos ensinar – o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo porque, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos apoderar”. (FOUCAULT, p. 10, 2014).

O poder discursivo dos meios sociais, da difusão da rede de micropoderes - este grupo não se organiza no vazio, mas antes dentro de um quadro estrutural - de acordo com certas regras do jogo. Há uma estrutura de rede (network structure), uma relação de relações, uma rede de micropoderes sociais, onde o poder-saber permeia toda esta rede. “As relações de poder-saber não são formas dadas de repartição, são ‘matizes de transformações’”. (FOUCAULT, p. 108, 2013).

Dentro deste sociopolítico, poder-saber, existe um campo concentrado, uma governabilidade que coordena o organograma em sua delimitação entre os grupos, buscando uma estabilidade diante das tensões. “(...) deve-se pensar em duplo condicionamento, de uma estratégia, através da especificidade das táticas possíveis e, das táticas, pelo invólucro estratégico que as faz funcionar”. (FOUCAULT, p. 109, 2013).

Para concluir, Foucault ainda adverte: “Não existe um discurso do poder de um lado e, em face dele, um outro contraposto”. (FOUCAULT, p. 110, 2013). Os discursos são sempre elementos táticos de correlações de forças, ou seja, aqueles que participam dos blocos de rede de contatos “Networking” - podem existir discursos contrários e mesmo contraditório a rede, podem circular dentro destas redes sem modificar a forma estratégica oposta a elas (Networking); porque todo discurso veicula e sempre produz e reforça os micropoderes.

Referência

FOUCAULT. M. História da sexualidade: a vontade de saber, Rio de Janeiro: Paz & Terra. 2013.

FOUCAULT. M. A ordem do discurso, São Paulo: Edições Loyola. 2014. 

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